terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Capítulo 25 – Quebra-cabeça (parte 2).

Capítulo 25 – Quebra-cabeça (parte 2).

- Mãe, eu realmente preciso ir? – perguntou Ishikawa deixando sua frustração transparecer no tom de voz.

Ao voltar para casa, a mãe de Takeo o encontrou na cozinha e imediatamente encarregou-lhe de comprar molho para temperar o peixe que faria no jantar. Quando o jovem a questionou do por que ele ir e não Ryuji, a mulher retrucou despreocupadamente:

- Se Ryuji tiver feito o dever de casa, ele vai no seu lugar, Takeo. – sabendo exatamente qual seria a resposta, ela fez questão de perguntar assim mesmo. – E então, Ryuji?

O garotinho apenas balançou a cabeça negativamente e a mãe suspirou. Sem dizer nada, ela apontou para a mesa da sala e o menino se dirigiu para lá, arrastando os pés para mostrar todo o seu descontentamento. Ishikawa teria rido se não estivesse irritado por ter de sair de casa.

Sua mãe deu-lhe um sorriso e disse:

- Como pode ver, seu irmão já está ocupado.

- Droga... – murmurou.

- Sem resmungar, Takeo.

Frustrado por não estar em seu quarto escavacando os possíveis segredos de sua interessante colega, Ishikawa soltou um muxoxo após fechar a porta de casa. Apressando o passo, logo chegou em uma lojinha de conveniência e ficou feliz ao ver que só tinha um jovem casal sendo atendido.

Reparando nos discretos gestos afetuosos entre os dois, o garoto acabou pensando em sua própria situação amorosa. Questionou-se sobre suas reais chances com a violinista. Ela não o odiava, era cortês e até o convidara para assistir a um de seus concertos. Animou-se brevemente ao constatar que passaria mais tempo com ela quando os ensaios realmente começassem. E o melhor, sem a presença de Haruka.

“Seu cãozinho não vai estar lá pra rosnar quando eu me aproximar de você, Kaioh-san...”

Ele pensou por um momento em quão desagradável o Mugen Gakuen ficara desde a chegada de Tenoh Haruka. Ishikawa sentiu o peito queimar e inconscientemente folgou o nó da gravata, desconfortável com a sensação.

Lembrou-se de como estranhou ser ignorado por um mês inteiro quando Haruka foi transferida para o Mugen, já que se acostumara com a atenção recebida das meninas do colégio. Na época, ajudou estar em um discreto – mas promissor – relacionamento com uma colega do 1º Ano B, Ogawa Makie.

Ela costumava observá-lo durante os treinos de beisebol e vez ou outra oferecia-lhe uma latinha de chá gelado após o jogo. Takeo retribuía a gentileza colocando pequenos cartões com poemas variados pelas frestas do armário da colega. Descobrira o interesse de Makie por poesia – e por literatura em geral – nas conversas na biblioteca durante os intervalos. Também descobrira que namorar enquanto se escondia da bibliotecária era muitíssimo excitante.

Decidido a aproveitar ao máximo o relacionamento, Ishikawa propôs à garota que o mantivesse em segredo, evitando assim olhares curiosos e possíveis broncas de Izumida. Responsável também pelo treino do time de beisebol do colégio, o homem ficava atento a qualquer coisa que pudesse afetar o desempenho dos jogadores. Isso certamente incluía os namoricos, rotulando-os como desnecessárias distrações.

Porém, o relacionamento que parecia florescer, foi murchando nos meses seguintes com a chegada de Tenoh Haruka. O distanciamento de Makie ficava cada vez mais evidente.

As desculpas da garota eram várias e estapafúrdias. Takeo cansou de ouvi-las. Não havia mais dúvidas. Makie definitivamente estava caída por Haruka. Engolindo sua raiva e mágoa, o rapaz resolveu não confrontá-la. Custosamente, focou toda sua energia no beisebol. Suas frustações pareciam desaparecer a cada rebatida de bola.

Era bom.

Um dia, após um treino particularmente exaustivo, Ishikawa avistou Ogawa Makie grudada no braço de um rapaz. Takeo forçou a vista por um segundo na tentativa de descobrir quem era, mas aquele cabelo loiro ajudou a diluir qualquer confusão.

Se lidar com o desgosto de não vê-la mais doía, presenciar a garota agarrada com outro era insuportável. Makie e Haruka entraram na biblioteca e o jovem observou a cena de punhos cerrados, tentando decidir se iria atrás dos dois. Seus dentes trincaram de ódio ao imaginar o que estariam fazendo lá.   

Sacudindo a cabeça como se tentasse afugentar tais pensamentos, o rapaz se concentrou em outro que lhe era muito mais interessante: viu-se entrando no local e esmurrando Haruka, disposto a tirar-lhe o sorriso convencido que quase sempre mostrava na presença de garotas. O pensamento o fez sorrir maldosamente.

Sem pressa, ajeitou seu boné e puxou o taco de beisebol da mochila que sempre levava aos treinos. Não pretendia realmente usá-lo, entretanto, achou que o objeto intimidaria Haruka. Ele deu alguns passos, mas parou ao ver outra figura entrando na biblioteca.

“Aquela é...Kaioh-san?” – murmurou o rapaz.

Analisando a situação com rapidez, Takeo soltou uma risadinha. Sentiu parte de seu ódio esvair.

“Talvez ela pegue os dois no flagra... e eu nem precise mexer um só dedo.” – pensou ele, incapaz de impedir o sorriso enviesado. Batendo de leve e despreocupadamente o taco numa das mãos, o jovem se encostou na parede do grandioso prédio e apenas esperou.

Sua paciência finalmente foi recompensada quando ouviu passos apressados e uma figura saiu correndo da biblioteca. Contudo, não era quem ele esperava.

Esfregando compulsivamente os olhos, Makie chorava. Um pouco depois, viu Haruka sair do mesmo local, com um sorriso. Ao seu lado, Kaioh Michiru parecia igualmente feliz.

“Aquele maldito...” – pensou Ishikawa, inconscientemente trincando os dentes. – “Elas são só um passatempo pra ele. Cada uma delas.”

Observando a dupla caminhar, ele se concentrou na figura da violinista. Certamente, ela possuía uma beleza difícil de ignorar, contudo, era Makie quem lhe interessava. Passou a desfrutar imensamente de sua companhia.

Ishikawa simplesmente não entendia como ela tinha preferido aquele novato. Para Takeo, era revoltante vê-lo atirar para todos os lados quando o colégio inteiro comentava o quão íntimo ele parecia ser de Kaioh Michiru. Tomado por um amálgama de sentimentos, concluiu que era superior à Tenoh Haruka. Não, ele sabia que era. Queria confrontar Makie e fazê-la reconhecer o quão tola fora sua escolha.

Seguindo-a pelo colégio, viu a jovem esgueirar-se pela porta entreaberta da Sala de Música. Com cuidado, Takeo entrou e encontrou-a cabisbaixa sobre uma das carteiras. Seu coração doeu ao ouvir os soluços misturados ao choro.  Mas, ainda sufocado pelo ranço da mágoa, o rapaz simplesmente falou:

- Sabe, Ogawa-san... – disse com proposital formalidade, se esforçando para projetar uma voz seca. – Nunca me explicou realmente por que passou a me evitar.

Assustada, Makie levantou a cabeça e viu uma figura borrada. Enxugou os olhos e reconheceu o colega.

- T-Takeo-kun? O que faz aqui? – ela franziu o cenho, confusa. – Não importa. Não quero falar sobre isso, Takeo-kun. Deixe-me sozinha.

Ele, observando-a desviar o olhar, continuou:

- Pra quem vinha correndo louca pra me ver nos treinos, você soube me evitar realmente bem. – disse Ishikawa com desdém.

Makie fechou a cara e retrucou:

- Tive meus motivos.

- Motivos? São tantos assim? Creio que seja apenas um. – disse o rapaz não contendo uma risadinha zombeteira.

Entendendo finalmente aonde Takeo queria levar a conversa, a garota respondeu com firmeza:

- Talvez eu tivesse cansado de ver meu armário lotado dos poemas que você fingia entender.

Os dois se encararam por um momento, ambos machucados pelas farpas trocadas. Até que Makie quebrou o breve silêncio.

- O que quer que eu diga, Ishikawa-san? – falou ela em tom irritado.

- Saber o que é, afinal. O que ele tem.

- Não é da sua conta! – exclamou Makie, o rosto ainda avermelhado de chorar.

- É claro que é! – exclamou o rapaz. – De repente, você, como tantas outras garotas do Mugen, parece enfeitiçada por aquele novatozinho. – notando a expressão de reprovação se espalhar pelo rosto dela, ele completou. – Não seja patética, Ogawa-san. Você é boa demais pra Tenoh Haruka.

Ser chamada de patética fez a garota levantar e endireitar a postura, antes fixar seus olhos nos de Takeo.

- E pra você também. – respondeu ela, a voz seca quase rasgando sua garganta.


(continua)

6 comentários:

  1. que bom q vc postou mais um capitulo...


    continuo curiosa a respeito da mochila de michiru


    Jah espero pelo capitulo de janeiro

    HaruMichi

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  2. Amei.... ai mais uma antes de 2014 =D

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  3. HaruMichi: Na 3ª parte desse capítulo se encontra a resposta. =)

    Felizmente dessa vez a espera pelo próximo capítulo não foi tão grande. Deve ser Milagre de Natal adiantado. Hah.

    Espero que estejam gostando do andamento da história. =)

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  4. QUE BOROGODO É ESTE Q HARUKA TEM?//KK POR ISSO QUE AMAVA QDO MICHIRU FLERTAVA COM OS CARAS NO ANIME =D

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